domingo, 16 de janeiro de 2011

Santiago, a cidade e seus museus.

"Diário de Bordo": "Casal Aventura" aprecia monumentos e vê Bachelet em Santiago

Colaboração para a Folha Online
O casal Flávio Prado e Maira Hora aprecia os monumentos chilenos em Santiago, incluindo locais históricos como o prédio da Bolsa de Comércio, o Correio Central, o Museu Histórico Nacional, a catedral e o Palácio de La Moneda. Eles também conferem uma cerimônia da presidente Michelle Bachelet. O relato faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.
Confira o relato do quadragésimo dia (9 de abril) da aventura:
Segunda-feira amanhece meio nublada, parece dia da preguiça. Descemos para um glorioso café da manhã. Aleluia! Entre todos este é o melhor dos melhores cafés da manhã. Com frutas das mais diversas, três tipos de sucos naturais, uma infinidade de pães, frios, três tipos de omeletes, entre eles os "huevos revueltos", o nome é engraçado. Toda vez que falo imagino uma passeata de ovos sindicalizados exigindo seus direitos. E o mais importante: café de verdade. Uma salva de palmas para o hotel Panamericano.
Monumentos chilenos em Santiago: lindos e bem cuidados
Vamos usar este dia para fazermos passeios por aqui, no Centro, nos misturarmos ao povo, aos trabalhadores, aos turistas, neste burburinho financeiro e ao lado do centro político e financeiro. Vamos explorar este charmoso bairro. Tudo o que um paulistano gosta.
Flávio Prado/Folha Imagem
Prédio da Bolsa de Comércio da cidade de Santiago, no Chile
Prédio da Bolsa de Comércio da cidade de Santiago, no Chile
Ao pisarmos na rua percebemos que não se tratar de um dia nublado, mas sim poluição. Definitivamente o Sol em Santiago perdeu a batalha para a poluição, é impressionante.
Caminhamos pelas passarelas peatonais do Centro, seus prédios, seu povo, suas bancas de jornal, o movimento, os orelhões, essas coisas bucólicas aos olhos do turista que enxerga poesia em tudo e por aqui tudo parece um charme, mesmo!
Começamos pelo prédio da Bolsa de Comércio, poderoso guardador de uma esquina. Lindo, antigo, uma construção neoclássica idealizada pelo arquiteto chileno Emile Jecquier, em 1917. Emile Jacquier nasceu em 1866 no Chile, viveu e estudou na França, estudando e trabalhando na Escola de Belas Artes de Paris e só em 1902 regressa ao Chile, abrindo seu escritório em Santiago onde realizou importantes obras públicas. O prédio é tão poderoso, tão bonito que nos atraiu de longe, nem sabíamos se tratar da Bolsa de Comércio ou ter sido construído por tão importante arquiteto. Foi como se o prédio encontrasse seus admiradores na multidão, foi literalmente isto que aconteceu, fomos atraídos a admirá-lo.
As ruas estão sempre cheias e na hora do almoço você pode ver de tudo, gente sentada lendo, gente andando, colegiais passeando, cafés lotados, sorveterias derretendo-se em filas quilométricas, gente observando, cibers-cafés lotados, shows, punks, policiais, inspetores dos passeios peatonais, gente indo e vindo o tempo inteiro.
Andamos observando tudo e todos e percebemos que nos passeios peatonais, que são ruas fechadas para o trânsito de veículos durante o dia e só algumas delas são abertas a carros à noite, enfim, percebemos que havia um som no ar, poderia ser uma loja tão grande para ainda estarmos ouvindo a música depois de andarmos tanto? Nada disso, tem som ambiente na rua. Foi engraçado, em alguns passeios você quase nem ouve o burburinho do horário do almoço, porque tem som ambiente te acompanhando. Outra coisa legal é que por todo o centro, nas peatonais há banheiros pagos para que o pedestre possa usar. Uma solução ótima.
Flávio Prado/Folha Imagem
Paseo peatonal fica na região central da bela cidade de Santiago, no Chile
Paseo peatonal fica na região central da bela cidade de Santiago, no Chile
O Centro também possui milhares de grandes lojas com diversas ofertas, muitas destas lojas de departamentos vendem pacotes de refrigerantes ao lado de eletroeletrônicos, isto nos chama muito a atenção, você compra uma TV de plasma e se bater aquele desejo imenso por refrigerante, ele já está exposto ao lado. Parece que as pessoas por aqui amam profundamente esta bebida gaseificada. Aqui no centro você pode passar o dia indo de uma loja à outra, carregando sacolas ao hotel, caso esteja hospedado perto como nós estamos. É uma festa consumista. Entramos em uma cadeia de lojas que costumam fazer suas promoções relâmpagos em microfones comandados por locutores profissionais de rádio. Ao descobrirem que havia dois brasileiros na loja, começaram a apresentar a promoção como se narra uma partida de futebol. Foi muito divertido e simpático.
Prédio da Bolsa de Comércio, Correio Central, Museu Histórico Nacional e catedral
Voltamos ao hotel para deixarmos nossas sacolas e seguimos até a Plaza de Armas.
Flávio Prado/Folha Imagem
Monumento em homenagem aos índios na Plaza de Armas, na cidade de Santiago
Monumento em homenagem aos índios na Plaza de Armas, na cidade de Santiago
A Plaza de Armas foi criada segundo instruções espanholas colonialistas para reunir o povo em atividades festivas, solenes e estratégicas. Era um espaço descampado, ou seja, o mais importante ponto de encontro do povo e lá se realizavam todas as atividades. Depois de muito a praça começa a mudar e uma das primeiras mudanças foi implantar jardins, o que fugia dos padrões impostos pela Espanha em toda a América Latina. Ainda hoje se percebe uma grande movimentação no decorrer do dia resultando em uma enorme concentração de pessoas.
Nesta mesma praça há o prédio do Correio Central, o Museu Histórico Nacional, esculturas, o prédio da Municipalidade (Prefeitura), a Catedral e sua combinação de estilos neoclássico e barroco, o Metrô Plaza de Armas e pela avenida Bernardo O'Higgens o Metrô Universidad de Chile, a Casa Colorada e do outro lado o Museu Chileno de Arte Precolombiano. Prestando atenção ao chão que pisamos na praça, encontramos uma placa de bronze do século 17 com a planta de Santiago feita pelo sacerdote jesuíta Alonso de Ovalle, onde conta a "Histórica Relación Del Reino de Chile".
Flávio Prado/Folha Imagem
Prédio do Correio Central na Plaza de Armas na cidade de Santiago, no Chile
Prédio do Correio Central na Plaza de Armas na cidade de Santiago, no Chile
O sacerdote de um lado desenha a planta da cidade e de outro uma idealização da vista da cidade remetendo-a ao futuro como uma cidade moderna européia. Apesar da racionalidade do plano podemos perceber que alguns elementos são apenas idealização como, por exemplo, sua estrutura geométrica ou o exagero da realidade em 1642. No entanto, mostra o rio Mapocho cruzando a cidade e o Cerro Santa Lucia, que retratam ainda hoje fortes características do plano urbano de Santiago. Vale a pena parar uns minutos e observar, sobretudo tentar entender com a visão do sacerdote na época em que ele criou o plano.
A Catedral Metropolitana localizada a oeste da Plaza de Armas, fundada por Pedro de Valdívia sob o nome de Iglesia Mayor de Santiago, apenas anos depois, a mando do Papa Pio IV, se converte na Catedral Metropolitana. Foi incendiada e destruída por índios Mapuches, também foi destruída duas vezes por terremotos.
Onde está o prédio do Correio Central, construído em 1882 a partir da estrutura do antigo prédio que se incendiou, Pedro de Valdívia construiu sua casa, que foi a primeira casa da cidade.
Santiago foi fundada em 1541 pelo conquistador espanhol Pedro de Valdívia. Na Plaza de Armas pode-se ver o Monumento em sua homenagem em frente ao Museu Histórico Nacional.
Palácio de La Moneda e Michelle Bachelet
Flávio Prado/Folha Imagem
Cerimônia no Palácio de La Moneda para Bachelet (ao centro de preto), em Santiago
Cerimônia no Palácio de La Moneda para Bachelet (ao centro de preto), em Santiago
Retornando ao hotel resolvemos dar uma passadinha no Palácio de La Moneda, na Plaza de la Liberdad, pois parecia haver uma aglomeração de pessoas. Não custa nada dar uma olhadinha. Centenas de guardas enfileirados, praça cercada, dezenas de policiais carabineros, uma multidão de fotógrafos e ela, a poderosa presidente Michelle Bachelet.
Nesse momento nos lembramos de minha sogra, Antonieta Clivati Prado, ela tem essa energia linda, poderosa, decidida e loira.
Flávio Prado/Folha Imagem
Soldados retornam ao quartel após cerimônia de recepção de Bachelet, em Santiago
Soldados retornam ao quartel após cerimônia de recepção de Bachelet, em Santiago
Verônica Michelle Bachelet foi eleita presidente do Chile em 15 de janeiro de 2006. Uma médica, entusiasta do modelo neoliberal, já foi Ministra da Defesa, primeira mulher neste cargo no Chile e na América do Sul. Filha de um oficial da Força Aérea chilena, Alberto Bachelet, que morreu na prisão durante a ditadura. Detida durante o governo de Pinochet, Bachelet deixa o Chile para estudar na Universidade Humboldt, na Alemanha. Primeira mulher eleita presidente de um país latino-americano (afinal, María Estela Martínez de Perón, a famosa "Isabelita", foi eleita vice-presidente e assumiu a presidência apenas quando seu marido morreu). Confesso que ficamos emocionados ao vê-la, afinal ela escolheu o Brasil como um dos primeiros países a serem visitados assim que assumiu como chefe de Estado. Isso me chamou a atenção em março de 2006 e agora a vejo poderosa sendo recebida por centenas de soldados.
Imaginem, fotografamos até cansarmos e depois que a Presidenta entrou no Palácio de La Moneda o espetáculo ficou por conta de sua guarda que tomou as ruas ao redor batendo em retirada ao quartel.
Mais uma vez afirmo, é muito interessante ficar no Centro, dois dos melhores motivos é que você fica ao lado da residência dos presidentes e de todos os principais monumentos da capital chilena.
Retornamos ao hotel para almoçarmos, agora são 16h30 e nem percebemos o tempo passar. Hoje vimos e ouvimos muitas coisas, estamos exaustos, vamos descansar.
Maira e Flávio têm o apoio da Lenovo, da TIM Roaming Internacional e da Virtual Track.

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