"Diário de Bordo": "Casal Aventura" conhece santuário de 150 milhões de anos
da Folha OnlineO casal Flávio Prado e Maira Hora conhece santuário de 150 milhões de anos. A parada faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.
Acompanhe em tempo real a rota de Flavio e Maíra
Confira o relato do vigésimo primeiro dia (21 de março) desta aventura.
Há 150 milhões de anos...
Fizemos o checkout do hotel e deixamos Caleta Olívia pela Rota 3. Aqui vai uma dica importante: antes de deixar qualquer cidade, abasteça o carro --principalmente na Patagônia. Assim que saímos da cidade vimos uma placa na estrada avisando que a cidade de Fitz Royestava sem combustível.
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Placa na estrada informando que cidades tem ou não gasolina |
No quilômetro 70 de Três Cerros a estrada fica ruim --sem pintura de solo, sem sinalização. Também há diversos trechos em construção ou reforma. Atenção redobrada porque existem diversos desvios. Você sai da RN3 e segue por rípio para depois voltar para a pista asfaltada. Muito cuidado porque a estrada está péssima.
Entrando pela rodovia secundária 49, seguimos por 50 km no rípio bem intenso até o monumento Natural Bosques Petrificados. Em vários trechos você tem a sensação de estar perdido em uma região desértica. Apenas de vez em quando, você se depara com placas indicando o caminho.
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Vulcão responsável pela emissão das cinzas que causaram a petrificação das árvores |
A área do monumento natural tem 60 mil acres, localizados na estepe patagônica semidesértica. No passado, ali havia araucárias que superavam 100 m de altura. Atualmente, você vê araucárias que foram fossilizadas há 150 milhões de anos, resultado de uma explosão vulcânica que cobriu as árvores de cinza vulcânica. As cinzas formaram uma espécie de molde em volta de cada árvore. O material orgânico da própria árvore foi absorvendo os resíduos minerais que as cinzas carregavam. Cerca de 150 milhões de anos depois ainda temos árvores fossilizadas tombadas no chão com quartzos e ágatas em sua estrutura.
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Monumento natural: árvore araucária petrificada há 150 milhões de anos |
Existem dois percursos, um de 400 m e outro de 700 m. Vale a pena fazer o maior, assim você pode ver tudo. Demora cerca de uma hora. Depois da visita ao monumento natural, entre no museu e peça auxílio ao guarda. Ele terá o maior prazer em te explicar todo o ecossistema do local. Vale muito a pena entender onde você está.
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Avião da Força Aérea Argentina alçado como monumento aos que lutaram nas Malvinas |
Voltamos para a RN3 seguindo para Puerto San Julianem estrada boa. No caminho, passamos pelas localidades de La Cabaña e Tres Cerros --elas são indicadas como cidades no mapa, mas cada uma tem uma bomba de combustível e um meio de hospedagem.
Chegamos em Puerto San Julian e, em busca do escritório turístico, cometemos uma infração de trânsito nos primeiros cinco minutos na cidade. Lá vem a polícia atrás de nós. Gelamos. Nem chegamos e já estamos "aterrorizando". De uma forma muito polida e educada, a polícia esclareceu que fizemos uma conversão proibida. Mostraram a placa verde que indica o sentido da mão da rua (mas ela estava escondida atrás de uma árvore). Pedimos desculpa e um pouco mais de orientação sobre as regras de trânsito da cidade e seguimos à procura do escritório de turismo.
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Reprodução em escala real de "Victoria", que abriga em seu interior um museu completo |
Confira a seguir algumas regras:
- Se estiver em uma avenida de mão dupla, não faça conversões caso não haja um farol específico para isso. Algumas avenidas não têm farol e, por isso, você só poderá fazer a conversão se a rua for mão para a esquerda.
- Fique atento e nunca espere que os argentinos dirijam devagar ou dêem seta antes de entrar em algum lugar.
Na Secretaria de Turismo da cidade, por menor que a cidade seja, você recebe o mapa com os endereços dos hotéis, restaurantes e comércio em geral. Conhecemos a Flávia, que além de nos explicar o funcionamento da cidade e suas principais atrações, ligou para os hotéis e conseguiu fazer reserva. Assim é Puerto San Julian: como é uma cidade muito pequena, as pessoas se viram (uma liga para a outra e, em meia hora, resolvem a vida de um turista).
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Restaurante La Juliana em Puerto San Julian |
Os dois mais curiosos pontos turísticos dentro da cidade são a "Nao Victoria", um museu temático construído em tamanho real na costa de San Julian. O outro é um jato da Força Aérea Argentina, alçado como monumento aos que lutaram nas Guerra das Malvinas.
Às 22h saímos para jantar. Adivinhem só? Tudo fechado. Fomos em quase todos os endereços, e eu já estava entrando em pânico. A última tentativa: La Juliana, na rua Zeballos, 1130. Aberto! Quase soltei fogos de artifício.
O proprietário, Armando Marcucci, nasceu em Corrientes, viveu em Córdoba e hoje mora em Puerto San Julian. Ele nos diz que recebe muitos brasileiros e, entre eles, muitos motoqueiros de São Paulo e do Rio de Janeiro. Eles passam por San Julian para descer até Ushuaia ou El Calafate.
A esposa cozinha e Armando gerencia. Os dois são impressionantes. Este ano, receberam o Troféu Internacional de Gastronomia, o New Millenium Award, promovido em Madrid, Espanha. O casal tem dois filhos, um deles é geneticista e o outro segue os passos dos pais, chef de um restaurante em Foz do Iguaçu, no Brasil.
Comemos neste aconchegante restaurante o robalo mais impressionante até agora --e não preciso nem dizer que estava lotado. Carlitos, o garçom, se redobrou e atendeu a todos com o refinamento de um "lord". Voltamos felizes à nossa pousada do Drake.
Em sua aventura, o casal tem o apoio da Lenovo; da TIM Roaming Internacional; e da Virtual Track.
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