domingo, 16 de janeiro de 2011

"Diário de Bordo": "Casal Aventura" vai à vinícola Concha y Toro

Colaboração para a Folha Online
O casal Flávio Prado e Maira Hora vai à vinícola Concha y Toro, desvenda o vinho Casillero del Diablo e aprecia os lanches do tradicional Tip Tap. O relato faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.
Confira o relato do quadragésimo quinto dia (14 de abril) da aventura:
Hoje é dia de visitar uma vinícola e a escolhida foi Concha y Toro, fundada em 1883 pelo destacado advogado, empresário e político chileno Don Melchor Concha y Toro que resolveu explorar o vale do Rio Maipo.
Ao chegar à vinícola vá até a portaria comprar seu ticket que custa $CH6000, aproximadamente US$12, e lhe dá direito ao tour, a degustação e a taça de vinho usada na degustação. Site: www.conchaytoro.cl. Tel: 56 2 476-5269.
Flavio Prado/Folha Imagem
Juan Carlos Silva, guia da vinícola Concha y Toro, dando as primeiras explicações do tour
Juan Carlos Silva, guia da vinícola Concha y Toro, dando as primeiras explicações do tour
Juan Carlos Silva, guia bilíngüe e enólogo é incumbido de nos mostrar a Casona, os vinhedos e a bodega. Juan nasceu em Santiago e é um profundo apaixonado por vinhos.
Estamos juntos com um grupo de americanos que estuda espanhol e está em uma viagem do curso para aprender mais. Um jeito divertido e descontraído de aprender. Todos prestam atenção a todas as recomendações de Juan e lá vamos nós passando por um lindo pergolado no antigo jardim e entrando neste mundo tão particular dos vinhedos. Nossa primeira parada é defronte à Casona de Pirque, que já foi residência da família Concha y Toro e hoje é um lindo espaço para grandes eventos.
Próximo a Casona vemos os vinhedos de Pirque a perder de vista e Juan faz um comparativo genial entre o vinho e o ser humano. Mostrando-nos que as vinhas aos 10 ou 20 anos ainda são muito novas, mas estão em seu auge de qualidade entre os 30 e 40 anos e que aos 60 anos, esta vinha começa um processo de envelhecimento já não produzindo mais bons vinhos.
Flavio Prado/Folha Imagem
Estudantes americanos visitando o vinhedo de Concha y Toro, em Santiago, no Chile
Estudantes americanos visitando o vinhedo de Concha y Toro, em Santiago, no Chile
Assim que chegamos ao primeiro vinhedo Juan começa a descrever o que está à nossa frente com uma classe e profundo conhecimento que só tem quem ama o que faz. Estamos de fronte ao vinhedo Pirque Viejo (Cabernet Sauvignon) plantado em solo aluvial, pedregoso, pobre em nutrientes e de grande permeabilidade. O clima que temos aqui é mediterrâneo semi-árido com forte influência da Cordilheira dos Andes e da proximidade com o Rio Maipo.
A oscilação térmica permitirá uma maturação lenta, favorecendo a concentração da fruta e sua intensidade de aromas. Produzindo um vinho batizado por Terrunyo de variedade Cabernet Sauvignon 88%, Merlot 3%, Carmenere 7% e Cabernet Franc 2% que será guardado durante 16 meses em barris de roble francês, sendo 40% novos e 60% de barris com um ano de uso. Resultando em um vinho de cor vermelho escuro, fruta negra madura e concentrada, notas de couro e chocolate, denso com taninos firmes e um paladar final doce.
Casillero del Diablo
As pessoas em volta de Juan nem sequer respiravam diante de tão apaixonada narração, seguimos o caminho rumo a nossa primeira degustação do que seria o mais emblemático de todos os vinhos de Concha y Toro, classificado como um dos 50 melhores do mundo. É o Casillero del Diablo com sua inusitada história.
Flavio Prado/Folha Imagem
Grupo aguarda ansioso para degustar o vinho Casillero del Diablo - Camenere 2005
Grupo aguarda ansioso para degustar o vinho Casillero del Diablo - Camenere 2005
Vamos conhecê-lo provando-o e logo em seguida veremos onde ele é armazenado. Assim foi feito, entramos na adega onde o vinho é guardado, as portas se fecham, as luzes se apagam e o ambiente nos transporta anos atrás às voltas com o próprio dono, Don Melchor Concha y Toro.
Don Melchor em sua antiga adega conservava vinhos de excelente qualidade, no entanto algumas pessoas do povoado que o cercava estavam entrando em seus vinhedos e roubando o vinho estocado aí. Então é criada a lenda de que o Diabo habitava esta "cueva", esta adega.
Isto impressionou tanto os moradores do povoado que as garrafas de vinho deixaram de ser roubadas e nascia o vinho Casillero del Diablo Carmenere. Esta lenda transforma os vinhedos do Chile famosos no mundo inteiro. Em 2005, uma das melhores colheitas que houve em todo o Chile, permite o nascimento do Casillero del Diablo Reserva Privada. Marcelo Papa, enólogo, e a equipe agrícola de Concha y Toro por anos trabalharam para elaborar um grande vinho e eis que dos Vales de Maipo, na zona de Pirque e Rapel, na zona de Pneumo surge este vinho que permaneceu em barril de roble francês por 14 meses dando maior complexidade e aporte de madeira ao Casillero.
Flavio Prado/Folha Imagem
"Cueva" do Casillero del Diablo onde ficam os barris de vinho, em Concha y Toro
"Cueva" do Casillero del Diablo onde ficam os barris de vinho, em Concha y Toro
Saímos encantados desta adega partindo para a última degustação que é um Don Melchor Reserva Privada Cabernet Sauvignon, 1998. Logo Juan nos esclarece que este foi o ano do El Niño, portanto a colheita foi afetada devido às fortes chuvas e temperaturas abaixo da média. Vinho tinto, também do Vale de Maipo conservado em roble francês por 13 meses, aromas predominantes de cedro e resina de pinheiro, ligeiros aromas de menta e especiarias, vinho elegante, mas a fruta tem dificuldade de aparecer. Todos ficam absolutamente pasmos, pois Juan vai fazendo suas considerações ao vinho e você atentamente o degusta e percebe cada uma das palavras em sua taça. A euforia toma conta de todos no salão.
Terminado o tour seguimos para o "wine bar", a fim de nos despedirmos de tão cordial anfitrião e seguimos para a loja, onde você é recepcionado por excelentes profissionais que te auxiliam na escolha dos vinhos.
Este passeio foi sem dúvida um dos mais enriquecedores aqui em Santiago. Estamos encantados com tudo o que vimos e com o nosso próprio paladar, com certeza as próximas taças de vinho serão absolutamente agregadas com a percepção do que realmente é esta gloriosa bebida, o quanto de trabalho, pesquisa e gente há envolvido neste processo. Realmente foi uma tomada de consciência.
Flavio Prado/Folha Imagem
Entrada da famosa vinícola Concha y Toro, localizada na região de Santiago, no Chile
Entrada da famosa vinícola Concha y Toro, localizada na região de Santiago, no Chile
A volta para Santiago é simples, mas preste atenção no caminho. Claro que nos perdemos nos arredores de Concha Y Toro. Não sei o que há com os adolescentes da cidade, mas muitas placas são pichadas ou trocadas, isto causa uma certa dor de cabeça caso você siga apenas placas e como nos distraímos um pouco e não olhamos o mapa, fomos confiar somente nas placas, estamos perdidos. Depois de uma hora conseguimos chegar a uma avenida conhecida e fomos para a Casa&Ideas do bairro de Nuñoa, afinal estamos nos últimos dias da cidade, vamos fazer as comprinhas finais. Estamos a mais de 40 dias viajando e brincamos que vamos comprar um carro maior para continuar a viagem.
Lanches no tradicional Tip Tap
Saindo das comprinhas básicas partimos ao encontro da família Clivati-Mora. Obedecendo aos desejos de Joana, a grávida da família, vamos todos em uma rede de lanches chamada Tip Tap, que foi fundada há 30 anos atrás por um ex-jogador de futebol, Jaime Vasquez. Vamos comer os mais típicos sanduíches chilenos com hambúrguer, salada, queijo e guacamole. Isto mesmo, abacate. Vou lhes confessar que é divino, maravilhoso, para comer ajoelhado.
Flavio Prado/Folha Imagem
X-salada com guacamole da tradicional lanchonete Tip Tap, na cidade de Santiago
X-salada com guacamole da tradicional lanchonete Tip Tap, na cidade de Santiago
Passamos a tarde inteira com Marcelo, Joana e Leonor. Durante o almoço demos para Leonor uma boneca Barbie que tem um gatinho de estimação, a criança ficou absolutamente envolvida com todos os acessórios da boneca. Joana e eu ficamos pensando que na nossa época não tínhamos uma boneca tão interessante assim. Eu ainda tive sorte, pois era amiga de uma menina americana que tinha todas as barbies do planeta, então eu deitei e rolei, eu me lembro que era o máximo.
Saímos do restaurante direto para a casa de Joana e Marcelo para tomarmos um cafezinho brasileiro, afinal em casa de brasileiro o cafezinho tem que ser bom.
Arrumamos algumas coisas da bagagem que estava guardada no escritório dos Clivati-Mora e subimos para dar banho na Leonor e em seu mais novo brinquedo, a Barbie e seu gatinho. Foi engraçado, pois ao sair do banho ela mesma colocou a roupa na boneca e a levou para o sofá para assistir desenho. Elas, Leonor e a Barbie, permaneceram por mais de uma hora sentadinhas vendo desenho na TV. Criança é incrível, né? Tudo tão simples e certo.
Maira e Flávio têm o apoio da Lenovo, da TIM Roaming Internacional e da Virtual Track.

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