domingo, 16 de janeiro de 2011

Rumo ao Estreito de Magalhães - travessia para Terra do Fogo Argentina

"Diário de Bordo": Restaurante moderno serve jantar só para quatro em Ushuaia

da Folha Online

O casal Flávio Prado e Maira Hora critica o atendimento nos postos de fronteira entre o Chile e a Argentina. Em compensação, os dois ficam encantados com a atenção que recebem em um pequeno e moderno restaurante em Ushuaia. A aventura faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.
Confira o relato do vigésimo terceiro dia (23 de março) desta aventura, contada por Maira.
Passagem burocrática
Em direção a Ushuaia, deixamos Río Gallegos ouvindo "Into the Labyrinth", do Dead Can Dance. Estávamos ansiosos para chegar à Terra do Fogo argentina.
Río Gallegos dista 600 km de Ushuaia, e tivemos que passar em quatro postos da Polícia Federal --dois argentinos e dois chilenos.
Flávio Prado/Folha Imagem
Posto da Polícia Federal do Chile, saindo da Argentina em direção à Terra do Fogo
Posto da Polícia Federal do Chile, saindo da Argentina em direção à Terra do Fogo
A Terra do Fogo é uma ilha que está localizada abaixo da Argentina e Chile e seu território é compartilhado pelos dois países.
Seguindo pela RN 3, saindo de Río Gallegos, pegamos um trecho de rípio até a Primeira Angustura, em Mont Aymond.
Passamos na Polícia Federal argentina. Registraram nossa saída do país em computadores de forma rápida, prática e exata.
Dali seguimos ao Posto de Integração Austral, onde há um outro posto federal com argentinos e chilenos trabalhando na manutenção das fronteiras.
Quando chegar a esse posto, não espere que alguém o recepcione ou instrua; simplesmente deixe seu carro estacionado perto do posto, em local que não atrapalhe quem for chegar ou sair, e entre seguindo a numeração dos guichês. Assim que chegar, caso tenha ido de carro, já passe no guichê argentino. Os oficiais perguntarão se você veio de carro, darão uma olhadinha no documento e o mandarão ao segundo guichê. Pegue a ficha, preencha e leve ao terceiro guichê, que registrará seu carro em território chileno.
Depois, passe ao quarto guichê para que revistem sua mochila em busca de frutas frescas, mel ou alimentos de origem animal. Não se pode entrar no Chile com frutas frescas, mas, se forem frutas secas, tudo bem. O problema com o mel é que ele é proibido se não tiver conservantes; se for do tipo industrializado, tudo bem.
No meu caso, que sou asmática, uso bombinha e mel sem conservantes, não pude passar com o vidro de mel, mas foi feito um registro e arquivamento dele (com uma data máxima para retirada). Como retornaremos pelo mesmo caminho, só terei de apresentar a minha via, que o meu mel será devolvido.
Flávio Prado/Folha Imagem
Caminhões e carros entram na balsa para atravessar o estreito de Magalhães
Caminhões e carros entram na balsa para atravessar o estreito de Magalhães
Eu poderia simplesmente ter ocultado o produto. No entanto, assinamos um termo de compromisso ao entrarmos no país e, se o carro fosse revistado e o produto ilícito fosse encontrado, seria preciso pagar uma multa de US$ 100.
Seguimos por mais rípio até a passagem do estreito de Magalhães para pegarmos a balsa que faz a travessia. Preste atenção na estrada de rípio, ela não é tão ruim, mas a sinalização chilena é péssima, pelo menos neste trecho, e você tem a nítida sensação de estar muito perdido. Outro problema são os animais na estrada.
Aguardando a balsa havia uma fila enorme de caminhões imensos.
A travessia é linda e dura 25 minutos. Saia do carro e suba as escadas, mesmo que esteja muito frio e ventando, porque você verá vários golfinhos em volta, sem falar da emoção de estar no estreito de Magalhães --portanto, desfrute.




Restaurante único
Chegamos a Ushuaia arrasados de cansaço, pois o que era para durar sete horas acabou demorando dez horas, devido à pouco inteligente burocracia chilena nas fronteiras.
Fomos direto à Hospedaria Bella Vista, rever Elenilda, a guia brasileira perfeita e dona da hospedaria.
Flávio Prado/Folha Imagem
Os chefs Ruben e Natalia do exclusivo Dulce Fuego, em Ushuaia
Os chefs Ruben e Natalia do exclusivo Dulce Fuego, em Ushuaia
Nossos anfitriões, Elenilda e Lucas, ofereceram um jantar no restaurante mais inusitado, intimista e exclusivo que vimos. E olha que somos paulistanos e bem sabemos que tudo existe na megalópole cosmopolita, mas um restaurante como este nunca vi. Estou falando do restaurante Dulce Fuego (r. Cabo de Hornos, 3815, tel. 00/xx/2901/444-849, cel. 00/xx/2901/15616-556, e-mail: dulcefuegosrl@yahoo.com.ar).
Passo todas as informações porque o restaurante comporta no máximo quatro pessoas e só atende com hora marcada. É uma proposta moderna e única.
Fomos recebidos por Natalia Perez Miguel e Ruben Ceravolo, modernos e jovens, que te recepcionam com muita simpatia em um ambiente de muito bom gosto, com música eletrônica de ótima qualidade, criando um clima ainda mais moderno e ao mesmo tempo absolutamente exclusivo e intimista. Você se sente um monarca recepcionado por altos chefs da cozinha mundial.
Flávio Prado/Folha Imagem
A única mesa do restaurante, que atende somente até quatro pessoas por vez
A única mesa do restaurante, que atende somente até quatro pessoas por vez
Natalia é de Buenos Aires, do bairro Belgrano, e Ruben, um fueguino de Ushuaia. O casal é simpático: ela, uma amante de praias do Brasil, e ele, um pingüim snowborder. Dirigem com maestria o inusitado restaurante e sua divina cozinha. Fazem sucesso na Patagônia com suas preciosas conservas de truta, mexilhões ao escabeche, cordeiro guisado e coelhos. Estes são só alguns exemplos.
Continuamos fascinados com a proposta do casal, que nos serviu um excelente vinho tinto Syrah, Don Diego, safra 2004. Aguardamos a salada brindando este presente da Terra do Fogo, Fim do Mundo, capital Ushuaia.
De entrada comemos uma salada mista, e, como pratos principais, um frango defumado com legumes de sabor forte e marcante. Para mim, um salmão com purê de batatas. Absolutamente divinos. A construção dos pratos vem sempre acompanhada de sabores e temperos regionais que surpreendem a cada garfada.
Nem preciso dizer que não resistimos aos simpáticos proprietários e chefs. Ficamos horas a fio conversando.
Em sua aventura, o casal tem o apoio da Lenovo; da TIM Roaming Internacional; e da Virtual Track.

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