"Diário de Bordo": "Casal Aventura" conhece desbravador de vulcões
Colaboração para a Folha Online
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Confira o relato do trigésimo sexto dia (5 de abril) da aventura:
Um lugar mágico na Terra
Acordamos em Osorno dispostos a pegar a estrada rumo à Reserva Huilo Huilo.
Tomamos café da manhã e comecei a ficar um pouco preocupada. Acho que não vou conseguir tomar café de verdade no Chile, parece que eles gostam mesmo é de café solúvel e eu sou aquele tipo de gente que toma até sorvete de café. Houston, I have a problem. Será que terei problemas com a falta de boa cafeína?
| Flavio Prado/Folha Imagem |
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| Indo em direção à Reserva Huilo Huilo você começa a ver os vulcões da região |
Carregamos o carro e saímos de Osorno ouvindo Bonny Swans, de Loreena McKennit, uma boa pedida, afinal estamos indo a um hotel chamado La Montaña Mágica Lodge. Vamos pela RN5 passando por San Pablo e Rio Bueno, em direção à Los Lagos, Panguipulli, Neltume e Puerto Fuy. A RN5 é muito bem sinalizada e a velocidade é de 120Km/h. Depois vamos pela estrada 65 entrando em Panguipulli e contornando o Lago Panguipulli. Começamos a ficar bastante entusiasmados porque neste pedaço você começa a perceber diversos vulcões na região.
A pavimentação acaba e seguimos em rípio por uma serrinha que a cada curva revela uma linda visão do lago e impressionantes árvores por todo o caminho. Saindo desta serrinha começamos a perceber pequenos povoados com casinhas coloridas e cortinas de renda em todas as janelas. Seguimos assim em uma região aparentemente rural até a entrada do hotel.
| Flavio Prado/Folha Imagem |
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| O caminho para à reserva Huilo Huilo é de rípio e muitas vezes perigoso. Tenha cuidado |
Gente, assim que estacionamos o carro, descemos absolutamente extasiados. La Montaña Mágica Lodge é a construção mais inacreditável que já vimos. Realmente trata-se de algo mágico. O hotel simplesmente tem o formato de uma montanha e em seu cume jorra água que escorre pelas pedras que revestem o hotel de cima a baixo parecendo um vulcão em erupção. As janelas de madeira, o piso, as passarelas, a majestosa porta te levam a um conto de fadas milenar. Não há uma única pessoa que chegue e não fique por diversos minutos do lado de fora fotografando e tentando entender esta surpreendente construção no meio do bosque.
Mágico e inacreditável, uma mistura surreal que usa a própria natureza para encantar as pessoas. Eu nunca vi nada igual ou sequer parecido.
| Flavio Prado/Folha Imagem |
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| É um verdadeiro choque o hotel La Montaña Mágica Lodge, no Chile |
Assim que passamos a monumental porta, entramos neste mundo de encantamento, não há um único detalhe do hotel que não te presenteie com bom gosto. Olhamos as opções de quartos e optamos pelos mais baixos, pois são maiores, estão na base da construção da montanha arquitetônica. Os quartos são lindos com absolutamente tudo em madeira rústica. A cama é um show à parte, gigante e confortável. Viva a prosperidade!
Descemos para explorar o hotel e logo conhecemos Marcos Rocha Toro, que será nosso guia em uma caminhada de uma hora. Marcos logo nos conta sobre a história do hotel. Don Victor Petermann é o dono do hotel e da Reserva Huilo Huilo, com 60.000 hectares. Essas terras pertenceram a um alemão que as perdeu para o governo chileno na ditadura e o senhor Petermann as comprou em 1992 e em 2004 construiu o hotel.
Don Victor Petermann é absolutamente arrebatado pela cultura mapuche e quando comprou estas terras sabia se tratar de terras sagradas para os mapuches. Ao construir o hotel pediu a consultoria de uma "machi", conselheira espiritual que viveu aqui e indicou onde construir o Sendero de Los Espíritos. A trilha foi toda construída em uma passarela suspensa que tem o seu final no local onde os Mapuches realizavam as cerimônias religiosas as quais eram presididas pelos "los caciques", anciões. É um lugar de extremo poder e você pode senti-lo no ar, exatamente por isso Marcos explica a importância do Sendero de Los Espíritos aos turistas e pede que todos peçam permissão e proteção ao entrar na trilha.
| Flavio Prado/Folha Imagem |
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| Os quartos do hotel La Montaña Mágica são bem espaçosos e todos em madeira |
A reserva recebe um nome mapuche. Huilo significa sulcos na terra. Na cultura mapuche quando dobramos uma palavra queremos intensificar o poder dela, então Huilo Huilo é o grande sulco da terra.
Don Victor Petermann como um grande admirador e estudioso da cultura mapuche também é um grande colecionador de jóias mapuches e já organizou exposições belíssimas com exemplares preciosos deste tipo de joalheria, chegando a publicar um livro sobre o assunto, intitulado Joyas Mapuche, de la colección Victor Petermann Fernandez.
Assim seguimos com o nosso serelepe guia nos falando sobre os pássaros e as diversas árvores do bosque, a variedade é incrível, você vê: cuhuigue chilote, mañio, três espécies de tepas, hulmo, olivilio, raule e pinho. O mais incrível é que todo o bosque está em terreno vulcânico. Atravessando mais um pedaço do bosque chegamos ao Salto La Leona, depois seguimos às passarelas de mini golfe, fazendo todo o percurso e descemos para ver todas as cabanas. Além do hotel existem também 14 cabanas equipadíssimas e para nossa surpresa, Marcos nos mostra o mais novo empreendimento de Don Victor Petermann, o Baobá Hotel.
| Flavio Prado/Folha Imagem |
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| Maira, Marcos (guia) e Flávio na cachoeira La Leona, de rochas vulcânicas |
Trata-se de um hotel com 55 quartos que será construído com os mesmos conceitos arquitetônicos que La Montaña Mágica Lodge e que estarão coligados. No último andar do Baobá haverá um magnífico terraço com uma maravilhosa vista para os vulcões El Mocho e Choshuenco. O hotel recebe este nome porque está sendo construído em volta de uma frondosa árvore baobá.
Voltamos ao Montaña Mágica para um banho nos troncos milenares. Às 19h30, o bosque absolutamente escuro e produzindo os mais diversos ruídos possíveis, eu e Flávio estamos dentro de um tronco de 10 m de comprimento cheio de água quente em um deck com pouca iluminação, ficamos por uma hora relaxando, conversando, observando as estrelas, ouvindo os sons da mata e dando risadas. Saindo dos troncos você se dirige à sauna e depois às duchas. Gente, eu preciso repetir uma frase do espiritualista Luiz Gasparetto: "Bom é bom!".
Marcelo Monroy, desbravador dos vulcões El Mocho e Choshuenco
Subimos à nossa suíte e nos preparamos para o jantar. Antes do jantar somos presenteados com um delicioso pisco sauer, o drink de boas vindas ao hotel. Logo somos apresentados a Marcelo Monroy, Felipe Borel e a linda Macarena Zapata, que nos falam sobre a reserva e todas as atividades que poderemos realizar aqui.
| Flavio Prado/Folha Imagem |
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| Sendero de Los Espíritos é um caminho suspenso na mata, no território Mapuche |
O eficaz e simpático Marcelo Monroy logo nos situa geograficamente. Estamos quase na fronteira com a Argentina, margeados pelo Lago Pirehueico, Puerto Fuy e Lago Neltume, entre Panguipulli e San Martin de Los Andes. Para chegarmos de avião, podemos voar para Valparaíso com conexão em Santiago do Chile.
A Reserva Huilo Huilo recebe 7.000 pessoas no verão que fazem trekking e atividades no gelo. Ao todo são oferecidas mais de trinta atividades. É o único snowparking em funcionamento no verão com atividades de trenó de arraste, ski de fundo, snowboard e visitas a glaciares de mais de 30m. Sua boa quantidade de neve possibilita aos snowboarders muita diversão até o final de fevereiro, onde ainda apresenta excelentes condições para a prática de snowboard.
O importante é ter em mente que a Reserva Huilo Huilo não é só um lugar para se praticar atividades de inverno em pleno verão, não é isto o mais importante e tocante em Huilo Huilo. "O mais impressionante é você pegar sua tábua de snowboard e desfrutar de uma montanha com mais 10 ou 15 amigos e poder avistar uma majestosa paisagem com 11 vulcões à sua volta, cinco lagos, as cordilheiras chilenas e argentinas e a magnífica cordilheira Los Encantos. É isto que faz de Huilo Huilo um local precioso no planeta." diz Marcelo Monroy.
A reserva oferece ainda 3 níveis de tirolesas, de 5 m, 30 m e 90 m, atividades de pesca com mosca, caminhadas de diversos níveis, cavalgadas ao vulcão, mountain bike, caiaques e termas.
| Flavio Prado/Folha Imagem |
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| Tronco milenar utilizado como banheira pelos hóspedes. Recomendamos banho à noite |
Marcelo nos fala também sobre a Fundação Huilo Huilo, que mantêm e preserva toda a fauna e flora da região. Marcelo Monroy é responsável por 60 mil hectares desta grande reserva privada, é o encarregado de turismo em Huilo Huilo. Conhece cada centímetro do lugar, junto com seu pai Roberto Monroy, que está a 14 anos em Huilo Huilo, criaram todas as trilhas que hoje nos levam aos vulcões El Mocho, 2.422m e Choshuenco, 2.415m. Marcelo está em Huilo Huilo desde 1998 e por nove anos vem trabalhando em sua preservação e também para deixar a reserva absolutamente segura para os turistas.
Hoje já fizemos toda a nossa programação para amanhã com a ajuda de Marcelo, Macarena e Felipe.
Ao som do nosso amado, Chico Buarque de Holanda, nos despedimos de Marcelo. Caroline Diaz, que está na recepção soube escolher bem a trilha sonora nos brindando com este delicado presente.
Vamos ao jantar preparado pelo chef Carlos Salgado. O restaurante abriga um clima intimista e sofisticado. Cristian Espinoza, nosso metre, nos recepciona com a elegância de um príncipe e nos ajudando na escolha do vinho e dos pratos. De entrada saboreamos uma estonteante salada de fundo de alcachofras com jamón de javali e como pratos principais, Flávio escolhe um estofado criollo com batatas glaceadas e para mim um divino fetuccini Alfredo com salteado de verduras. As sobremesas que nos levaram às alturas neste lindo e romântico jantar foram: merengue vasco e copa de frutilla.
Após o jantar nos deleitamos com os mais diversos livros do acervo de Don Victor Petermann sobre a cultura mapuche, à disposição dos hóspedes em um dos refinados ambientes do saguão.
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