domingo, 16 de janeiro de 2011

Los Vilos e La Serena






Acordamos cedo, abro a janela e lá está ele: o mar. Que lindo o mar visto desta janela. Los Vilos vai ficar para sempre em nossas recordações. Arrumamos tudo, fomos para o salão do café da manhã sempre acompanhados daquela visão infinita do horizonte e do mar. Abastecidos, carregamos o carro, nos despedimos de Raquel e saímos de Los Vilos ouvindo Solar – Thunderball – Hotel Costes Volume 4.
O barulho do mar não sai da minha cabeça. As ondas estourando em milhares de pedras da praia e depois as arrastando, rolando-as; parecia música japonesa, foi demais!



Deixamos o hotel de Raquel, que está ansiosa por conhecer Búzios no Rio de Janeiro e nós o país dela.
Sempre seguindo a beira mar, subindo em direção a Ovalle e La Serena vamos pela RN 5 passando por cidades e praias como Morritos, Socos, La Torre e mais ou menos entre Cerrillos e Quebrada Seca somos atraídos por um penhasco gigante que nos revela um azul turquesa profundo do mar. Impossível não ir até lá. Saímos da nossa rota, estamos em direção a esta paisagem estonteante, seguindo por uma estrada paralela entramos em um condomínio fechado em um trecho de praia particular. O lugar é lindo e próspero. Pedimos autorização para conhecer o condomínio e logo o cruzamos em direção ao ancoradouro. Lindas mansões rodeiam a enseada, o azul do mar é literalmente turquesa. Ficamos uma hora explorando o local e logo retornamos à estrada.













Algumas vezes nos afastando do mar vamos admirados com a natureza. Percebe-se que estamos entrando em uma zona de transição de paisagem. Seguimos para La Serena. Já estamo na IV região chilena desde Los Vilos, este trecho que nos encontramos agora é também conhecido como Região de Coquimbo e La Serena é sua capital e também a porta de entrada para El Norte Chico do Chile.
Pela estrada, quando nos afastamos do mar podemos perceber muitos cactus e um cerrado semi-árido transformando-se aos poucos em verdes intensos. Percebemos rios correndo para o litoral e o verde-esmeralda da vegetação começa a tomar conta de tudo. O dia está lindo, claro e a estrada, como sempre tem sido aqui no Chile, é ótima.
O verde vai cobrindo tudo mostrando ser uma região bastante fértil. La Serena é a capital mundial da papaia. É também importante ponto de partida para o Vale do Elqui, vale dos vinhedos de moscatel, variedade de uva para se fazer pisco. É também a região dos observatórios astronômicos.





Estamos ansiosos por chegar, parece que La Serena promete, logo que entramos na cidade percebemos se tratar de uma cidade próspera com imponente comércio de importantes montadoras de carro, shopping center, grandes redes de lojas, bons hotéis, museus com peças representativas e além disto é também uma cidade Universitária.



Demos uma volta no centro para podermos traçar um pequeno perfil da cidade e logo fomos ao escritório de turismo, que aqui em La Serena, é ótimo. Estão localizados Rua Matta, 461 infocoquimbo@sernatur.cl TeL: (56 – 51) 213956 Fácil de encontrar, estão em frente a Praza Gabriel González Videla, ao lado do Museu Histórico Casa Gabriel González e da Igreja Santo Domingo.
Fomos atendidos por Julio Carmona. Sendo simpático e eficiente, Julio nos deu todas as informações e dicas de La Serena, Coquimbo, Vicuña e Pisco Elqui. Ele foi tão bom anfitrião que nos passou até o horário do amistoso entre Argentina e Chile que se realizará hoje em Mendoza às 20h00. Isto é que é saber receber bem o turista e promover sua cidade. Parabéns!
 Lá mesmo já traçamos quais hotéis em La Serena estavam dentro de nosso perfil e munidos de mapas fomos conferir para fazermos a escolha.
Resolvemos por um simpático hotel com cara de mini resort na Avenida Francisco de Aguirre, 781 chamado Los Balcones de Aragón. 




Nos acomodamos, organizamos nossas coisas, almoçamos e fomos correndo para o Museu Arqueológico. O Museu está instalado na esquina da Cordovez com a Cienfuegos. O museu é famoso por sua coleção de cerâmica diaguita, que são peças de barro pré-colombianas da América do Sul, de que datam de 1.000 a 1.536 d.C. Logo na entrada vê-se um pórtico de pedra que fazia parte da casa do Conde Villaseñor, construída em 1820 e também dois bancos com cara de jardim mouro, já gostei da entrada.
No início de nosso percurso pelo museu demos de cara com algumas múmias, elas são tão impressionantes que mal conseguimos nos ater por muito tempo, passamos para as salas seguintes onde temos um grande apanhado dos petroglifos e geoglifos encontrados em diversas localidades do norte chileno.
O maior destaque para este museu, sem dúvidas, é um imenso moai, da Ilha de Páscoa, doado em 1952 a La Serena. Em uma sala bem montada e bem iluminada, este moai nos deixa emocionados com sua força. Diversos painéis e vitrines explicativas circundam a sala.
Além das cerâmicas diaguitas, múmias e o grande moai, há tambémum acervo e muitas informações sobre os petroglifos e  pictografias, afinal o Norte Chico é uma das zonas de maiores achados deste tipo junto com o norte chileno.



Saímos encantados com tudo o que tínhamos acabado de ver no Museu Arqueológico e logo nos dirigimos à Universidade de La Serena, ULS em busca do Museu Mineralógico Ignacio Domeyco. Isto foi um pouco difícil, pois não há sinalizações suficientes do exato local do museu, então não sabíamos em qual prédio da universidade entrar, mas tudo foi resolvido ao perguntarmos a uma simpática pedestre, que por acaso e sorte trabalhava na ULS. Vilma nos levou até o museu e conversando conosco percebeu que tínhamos vindo de longe para conhecer este museu, que embora estivesse fechado, por pura simpatia abriram-no para nossa visitação. Maria Eliana nos acompanha em nossa visitação para nos esclarecer quaisquer dúvidas que tenhamos. Que presente La Serena proporcionou ao Casal Aventura. O museu está no prédio de engenharia de minas da ULS, na rua Infante com Anfión Muñoz, no campus Ignacio Domeyco.
O Museu Mineralógico Ignacio Domeyco possui cerca de 7.000 amostras de diversos minerais de província gemológicas de todo o mundo, diamantes do Brasil, Rubis da Índia, cobre do Chile etc. Muito bem organizado e montado é um dos orgulhos do povo de La Serena.




Seguimos para a Catedral e em sua praça adjacente encontramos uma feira artesanal, mas o charme das ruas e calçadas nos levou até a exposição de arte espanhola com 23 obras de Miró e Picasso, que ocupava o prédio do Museu de História Regional Presidente Gabriel González Videla. Uma surpresa ver um pedaço da Espanha aqui no Chile.
Dando seqüência a nossa investida na cidade da La Serena fomos a Plazuela Gabriel González Videla, onde havia uma pequena feira de artesanatos e uma escultura do Presidente Gabriel González Videla feita pelo escultor Galvarino Ponce em 1981. Observamos tudo, fotografamos e seguimos pelas ruas cheias até o recomendadíssimo mercado de artesanatos La Recova. 



O mercado é lindo e bem típico, foi construído em 1810 em adobe com um pátio central e quatro portões idênticos para abrigar e legalizar comerciantes de diversos tipos de produtos. Aqui você encontrará artesanatos bem típicos do norte chileno como cestarias, boleadores de arros feitos em madeira, roupas de lã e muitas réplicas das cerâmicas diaguitas.
As ruas à noite são bem cheias e o comércio é efervescente, só para não perder o costume passamos em uma grande cadeia para fezer compras e depois fomos ao Shopping Plaza de La Serena para jantar e coincidentemente assistir ao amistoso entre Argentina e Chile, isto por aqui é levado muito a sério. Como sofri modificações genéticas durante esta viagem pelo Cone Sul, é claro que a janta foi regada a cerveja, que por aqui é a Cristal. Falo assim porque antes da viagem eu não tomava cerveja e agora além de tomar eu gosto.


Maira e Flávio têm o apoio da Lenovo; da TIM Roaming Internacional, e da Virtual Track.


"Diário de Bordo": "Casal Aventura" se encanta em Valparaíso, Viña Del Mar e Los Vilos

Colaboração para a Folha Online
O casal Flávio Prado e Maira Hora conhece a colorida e charmosa Valparaíso, o elegante balneário Viña Del Mar, a natureza divina de Reñaca e Concón e confere ainda o hipnotizante som do mar de Los Vilos. O relato faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.
Confira o relato do 48º dia (17 de abril) da aventura:
Valparaíso é colorida e charmosa
Flávio Prado/Folha Imagem
Ascensor Concepción, também conhecido como Turri, na localidade de Valparaíso
Ascensor Concepción, também conhecido como Turri, na localidade de Valparaíso
Amanhece em Valparaíso e descemos para o café do Hotel Puerta de Alcalá, que por sinal foi ótimo e com suco de chirimoya, é como uma fruta do conde, só que mais carnuda e mais firme.
Nos preparamos logo cedo para percorrer Valparaíso a pé e ascender em seus elevadores espalhados pela cidade.
Daqui de baixo percebe-se que Valparaíso é um dos principais portos chilenos e trata-se também de uma cidade pitoresca construída sobre serras com acessos por 15 elevadores ou por estreitas ladeiras acentuadíssimas que formam infindáveis labirintos de ruas. Imaginem chegar à noite, fica quase que impossível procurar e achar um hotel na parte alta da cidade, por isso optamos pelo Puerta de Alcalá, que está na zona central e na cidade baixa.
Logo cedo vamos fazer o reconhecimento da cidade e percebemos que muito dela está tombada. A cidade inteira foi tombada como Patrimônio da Humanidade. Na antiga Calle Del Cabo, pode-se ver a placa que reconhece Valparaíso como Patrimônio da Humanidade em 2003.
Valparaíso sofreu um grande terremoto em 1906, a cidade e seu povo têm uma força inimaginável, pois já foram vitimados com tempestades, terremotos e inundações, e sempre se ergueram e reconstruíram suas edificações. Andando um pouco pelas ruas percebemos a arquitetura de influência inglesa, que por sinal sobreviveu ao terremoto de 1906.
Flávio Prado/Folha Imagem
Vista que se tem do porto de Valparaíso a partir do Cerro Concepción, no Chile
Vista que se tem do porto de Valparaíso a partir do Cerro Concepción, no Chile
Em 1578, Valparaíso torna-se imponente porto comercial. Um dos saques foi realizado por Francisco Drake, famoso pirata inglês e almirante da Royal Nave, viveu de 1543 a 1596. Estes ataques corsários se deram nos séculos 16 e 17, mas assim que Valparaíso constrói seus fortes os ataques acabam e a cidade prospera. Com a independência do Chile, desperta para uma prodigiosa transformação e a população passa de 5.000 para 16.000 em 1822.
Uma baía charmosa rodeada por 42 morros que a envolvem e verticalizam casas em charmosos bairros como Cerro Barón, Cerro Alegre, Cerro Concepción, Cerro Playa Ancha etc. Cidade misteriosa com ao menos uma dezena de lendas como La Misteriosa Cueva del Chivato, El Cristo de La Matriz, La Piedra Azul, El Monstruo de La Laguna El Plateado entre tantas outras. Você pode ver todas no site http://municipalidaddevalparaiso.cl.
Caminhamos um pouco até o elevador mais próximo. Subimos pelo Ascensor Concepción, também conhecido como Turri. Foi construído em 1883. Ele te leva até a zona residencial de Cerro Concepción. Assim que você sai do ascensor você vê o lindo Café Turri e o Passeo Gervasoni, com certeza ficará ao menos meia hora admirando a paisagem daí, pois neste ponto você pode ver toda a enseada e uma infinidade de navios.
Flávio Prado/Folha Imagem
Maira em frente ao Gran Hotel Gervasoni, localizado em Valparíso, no Chile
Maira em frente ao Gran Hotel Gervasoni, localizado em Valparíso, no Chile
A cidade daqui de cima parece outra, não é a mesma e nem tem o mesmo clima que a cidade encontrada lá embaixo. Aqui ela é luminosa e colorida.
Pertinho do ascensor Turri está também o Gran Hotel Gervasoni, que ocupa uma das casas coloniais e com uma das melhores vistas que teremos em Valparaíso. Este hotel seria nossa opção caso não chegássemos à noite e como ficaremos por apenas um dia, então este hotel ficará para a próxima visita. Fomos recebidos pelo seu simpático gerente Paulo Briceño Guarachi que nos fala tão apaixonadamente de Valparaíso e da casa que ocupa o hotel que simplesmente não há como não se render ao charme da cidade. Localizado no Passeo Gervasoni, a casa é uma viagem no tempo, com seus móveis antigos, veludos alemães e brocados enchendo seus olhos ao adentrar um dos salões de recepção do hotel, iluminados papéis de parede que com certeza te lembrarão o Rei Sol, Luiz 14.www.hotelgervasoni.com.
Seguimos andando e encantados com toda a cor e sinuosas ruas e ladeiras.
Cidade com forte atividade cultural, pulsando arte. Suas velhas paredes recebem pinturas de importantes artistas como Roberto Matta, Gracia Barrios, Mario Torral, entre tantos outros. São importantes murais que podem ser vistos subindo o Cerro Bellavista pelo Elevador Espíritu Santo, na Calle Adunate. Seguindo pelo Passeo Ginera, Passeo Pasteur, Passeo Rudolph e Passeo Ferrari temos acesso a diversos murais pelo caminho. Ao descer o Cerro Concepción também poderá ver alguns murais.
Flávio Prado/Folha Imagem
Pintor retratando ladeiras que ligam a parte baixa e a parte alta de Valparaíso
Pintor retratando ladeiras que ligam a parte baixa e a parte alta de Valparaíso
La Sebastiana, uma das três casas de Pablo Neruda está aqui repetindo as cores vibrantes de Valparaíso.
Vamos observando tudo e todos. O artista encantado com a paisagem, pinta como se estivesse em um outro mundo. As pessoas que vem e vão, os turistas que não se cansam de olhar a arquitetura, os trabalhadores, as pedras, as ladeiras, os carros, os gatos, os fios nos postes formando um verdadeiro novelo no ar. O mundo parece que está aqui em Valparaíso, alemães que sobem e descem, franceses que riem, chineses que agradecem, chilenos que protestam com panfletos o aumento das tarifas dos ascensores. Para a nossa grata surpresa um set de filmagem a céu aberto nos intriga e logo descobrimos se tratar de um seriado famoso no Chile. Assim é Valparaíso. Essa desordem enigmática e encantadora onde tudo acontece ao mesmo tempo.
Viña Del Mar: balneário elegante
Flávio Prado/Folha Imagem
Famoso Balneário de Viña Del Mar, com suas avenidas e seus lindos coqueiros
Famoso Balneário de Viña Del Mar, com suas avenidas e seus lindos coqueiros
Seguimos para o hotel para pegarmos nossas coisas e deixamos Valparaíso para logo no quilômetro à frente encontramos o mais charmoso dos balneários: Viña Del Mar.
Acolhedora à primeira vista e eis que na primeira rotatória um brasileiro grita da calçada saudando os paulistanos viajantes, nós, o Casal Aventura. Fiquei emocionada, quase voei pela janela de tanto acenar e gritar.
A mudança é um grito aos olhos, tudo muda! As construções, o povo, as cores, as árvores. Viña Del Mar é linda! Seus prédios lindos, as pontes, o canal. As árvores são o mais impressionante aqui, uma infinidade delas fazem das avenidas um lindo passeio. Viña Del Mar recebe uma multidão de chilenos em fevereiro, pois além do Festival de Música, Viña abriga também 3,5 quilômetros de lindas praias, tornando-se o mais importante balneário chileno.
Flávio Prado/Folha Imagem
Uma parada entre as cidades de Viña Del Mar e Reñaca para observar o Pacífico
Uma parada entre as cidades de Viña Del Mar e Reñaca para observar o Pacífico
Reñaca e Concón: natureza divina
Seguimos para as cidades de Reñaca e de Concón. Gente este trecho é maravilhoso, o dia está lindo, o Oceano Pacífico à nossa esquerda, as casas brancas em camadas, como em Santorini, na Grécia, este trecho seguindo para Papudo e ao Norte Chico é "simplesmente um luxo", como já diria um querido apresentador brasileiro, Athaíde Patreze.
Reñaca nos mostra condomínios gloriosos, praias lindas, limpas, jovens surfistas, tudo por aqui tem um outro clima. O mar é tão lindo e tão bravo ao mesmo tempo que você pode ficar ali a beira mar hipnotizado por horas a fio.
Los Vilos e seu hipnotizante som do mar: mágica pura
Flávio Prado/Folha Imagem
Condomínio de luxo na cidade de Reñaca, no Chile; o local possui até heliporto
Condomínio de luxo na cidade de Reñaca, no Chile; o local possui até heliporto
Vamos seguindo pela estrada, mas sempre com o mar a nos acompanhar e guiar até chegarmos a Los Vilos, uma cidade litorânea bem pequena e realmente encantadora. Agora são 16h e nossa primeira providência por aqui será almoçar.
Assim que almoçamos demos uma pequena volta pela cidade e logo ficamos sabendo que o escritório de informes turísticos só fica aberto na temporada de verão, então vamos conversando com os moradores que vão nos indicando hotéis e logo encontramos um muito simpático e em frente ao mar: Lorde Willow, de uma simpática senhora parecidíssima com nossa antiga professora de inglês, a Miss Dida, com isso o hotel ficou mais simpático ainda.
Los Vilos é um lugar arrasador, o mar, o pôr-do-sol, o barulho das ondas nos seixos que fazem as vezes da areia, o caminhão que passa recolhendo as algas na praia, a cor do céu, as gaivotas, os pelicanos em volta dos pescadores e os coqueiros. É difícil escolher o que mais te fascina nesta pacata vila de pescadores. Realmente o lugar te oferece o mais simples e empolgante que um viajante pode querer. O contato com o povo de Los Vilos, com toda a sua simplicidade sabe te cativar.
Flávio Prado/Folha Imagem
Em Los Vilos, da janela de nosso quarto, assistimos a um maravilhoso pôr-do-sol
Em Los Vilos, da janela de nosso quarto, assistimos a um maravilhoso pôr-do-sol
Saímos para percorrer todas as praias, Totoralillo, Chungos, Aguadulce, La Principal, Lobos, Amarilla, Cascabeles, Las Conchitas e Caleta Los Vilos. Andamos, paramos, corremos, fotografamos, ficamos horas olhando o Sol se por e depois apenas olhando e ouvindo o mar. Que paz!
Fomos dar uma voltinha na cidade e percebemos não haver nenhum restaurante aberto, por um lado foi ótimo porque não resistimos ao supermercado. Com um jeitinho de interior, como um pequeno mercado em Águas de Santa Bárbara, Avaré ou Iaras, interior paulista. Gente simples, gente comum, gente que vive em Los Vilos, pescadores, pequenos comerciantes, crianças, agricultores e senhoras em filas de frios. Cheiro de fornada de pão. E nós misturados a tudo isto, tentando não "abrasileirar" o paladar e pegar o mesmo tipo de comida que um chileno pegaria. Este tipo de tentativa é particularmente interessante, pois te faz observar como vivem pessoas diferentes de você e como seus hábitos são interessantes e podem ser agregados ao seu.
Logo saímos do mercado. Nós ficamos satisfeitos com nossas compras dignas de um bom lanche chileno e para finalizar passamos em uma frutaria onde compramos uvas para a sobremesa.
Passeamos por uma feirinha artesanal, andamos mais um pouco na avenida principal, só para ver o movimento e fomos para a praia, ouvir o mar. O mar em Los Vilos tem um som especial, como uma meditação musicada. Imaginem que você fecha os olhos e ouve as ondas batendo nas pedras, vindo até quase e calçadão e retornando arrastando centenas de milhares de seixos rolados que fazem um barulho lindo, como música ecoando noite adentro. Você pode ficar horas ouvindo, ouvindo, ouvindo o mar. Totalmente mágico.
Maira e Flávio têm o apoio da Lenovo, da TIM Roaming Internacional e da Virtual Track.

"Diário de Bordo": "Casal Aventura" se despede de Santiago com pizza

Colaboração para a Folha Online
O casal Flávio Prado e Maira Hora se despede de Santiago com a mais brasileira das pizzas, feita por uma família croata-chilena. O relato faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para aFolha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.
Confira o relato do 47º dia (16 de abril) da aventura:
Hoje é nosso último dia em Santiago. Acordamos no hotel Panamericano para o último café da manhã desta temporada em Santiago. Descemos até o salão e curtimos cada minuto deste adorável hotel. Mais uma vez frutas, café de verdade, infindáveis pães e bolos acompanhados pela simpatia dos funcionários. Assim que terminamos nos despedimos destes que fizeram parte de uma pequena porção de nossa história por esta cidade. Fechamos a conta, carregamos o carro, nos despedimos mais uma vez e lá fomos nós até a casa dos Clivati-Mora buscar o resto da bagagem e nos despedirmos.
Arrumamos e reorganizamos as malas de acordo com as próximas necessidades.
Para este tipo de viagem, que é longa e terrestre, é necessário que se mantenha tudo bem organizado, afinal passaremos por inúmeras cidades e comprar coisas é inevitável. Todos os vinhos, roupas, coisinhas, equipamentos, lonas, estepe reserva, travesseiros, cobertores, roupas sujas, enfim, tudo deve ser pensado e organizado de acordo com as próximas paradas. Deixe sempre à mão aquilo que usará nas duas ou três cidades seguintes. Estamos dirigindo um Clio hatch, ou seja, precisamos usar a inteligência a favor da organização como nossa principal estratégia na logística do porta-malas.
Como atravessaremos a Região do Atacama inteira, é importante levar travesseiros e pequenos cobertores que nos aqueçam, no caso de qualquer eventualidade na estrada, pois apesar de ser um deserto, de noite faz bastante frio. Isto faz parte da logística do porta-malas em uma viagem deste porte. Também uma geladeirinha com frutas secas, chocolates e água que deve sempre ser abastecida nas principais paradas, por precaução.
Tudo no lugar, nos despedimos de Joanna Mora e Marcelo Clivati, mas nossa partida não seria perfeita se não formos ver Leonor, que ainda está na escola. Vamos para a porta da escola nos encontrar com ela. Estamos atrasados para partir para Valparaíso e atrasar um pouco mais para ver nossa querida Leonor não vai fazer nenhum mal.
Flávio Prado/Folha Imagem
A despedida da cidade de Santiago, no Chile, aconteceu na Wallo´s Pizza
A despedida da cidade de Santiago, no Chile, aconteceu na Wallo´s Pizza
As crianças, definitivamente, são encantadoras. Ao chegarmos à escola, é só ouvir nossa voz para vir correndo abraçar os tios. Claro que como qualquer adulto, babamos. Marcelo, atônito não acredita que ainda terá uma horinha com o irmão mais novo.
Da escola fomos direto a uma pizzaria que está bem perto. Marcelo e Flávio, os dois irmãos, se despedem e comemoram nossa passagem pelo Chile com a mais brasileira das pizzas chilenas. Isto mesmo! Na rua Simon Bolívar, 3761 está a Wallo's Pizza (www.wallospizza.cl).
Pertence a uma família chilena que viveu em Ribeirão Preto, interior paulista, por 17 anos e adivinhem? A melhor pizza de toda a viagem foi degustada aqui. Yerko Yelincic e seu pai Francisco Yelincic capricharam em tudo, nas cores, no ar de Brasil, na pesquisa de sabores próximos aos brasileiros, mas que ao mesmo tempo agradassem também ao paladar chileno, no treinamento e uniformização dos funcionários, nas músicas. Claro, apenas músicas brasileiras. Até samba rock ouvimos lá.
Instalada em uma casa verde e amarela domina a esquina da rua Simon Bolívar com a rua Batlle Y Ordañez, não tem como não ver e sentir-se curioso ao aproximar-se. Se você for brasileiro, se sentirá homenageado. No entanto, a grande surpresa está lá dentro, nas pizzas e no copo geladinho para servir a cerveja trincando de gelada, tudo à moda brasileira.
Umas das dificuldades superadas pela família Yelincic foi encontrar em solo chileno o queijo mais próximo ao cremoso "catupiri" tão presente nas pizzas brasileiras. Depois de muita pesquisa e muitos testes encontraram o que chamam de "queso crema" e que fez as vezes do nosso famoso requeijão cremoso. A família desenvolveu 21 tipos de pizzas dos mais diversos sabores e combinações, tem até pizza de chocolate.
A Wallo's foi aberta em 1997 e desde então vem servindo com a paixão e ginga de apaixonados pelo país do ziriguidum, do balacobaco, do samba, mas acima de tudo o Brasil é o país de todas as raças e isto é tão apaixonante que faz uma família de descendentes de croatas chilenos se especializarem em comida italiana, elaborada com a descontração de sabores brasileiros e servida com a brasileiríssima cerveja gelada.
Assim foi nossa despedida com um bom papo e pizza, a melhor de todas as saborosas delícias do planeta.
Deixamos Marcelo e Leonor para seguirmos para Valparaíso.
Flávio Prado/Folha Imagem
Na despedida de Santiago, o trânsito intenso retarda a saída da cidade chilena
Na despedida de Santiago, o trânsito intenso retarda a saída da cidade chilena
Saindo de Santiago pegamos um pouco de trânsito, mas absolutamente normal por se tratar de horário de rush, afinal já passam das 17h.
A estrada é ótima, bem pavimentada e sinalizada, nos levando a Valparaíso em menos de uma hora. Assim que chegamos foi um pouco complicado encontrar hotel porque já estava escuro e o hotel que havíamos escolhido não tinha acesso de carro, por estar em um passeio peatonal, rua que apenas pedestres podem andar. O trânsito era infernal e todos buzinavam ao mesmo tempo, parecia até que estávamos na Índia.
Precisamos chamar um funcionário do hotel para nos acompanhar ao estacionamento que fica fora do hotel há cerca de três quadras. Assim que ele nos "resgatou" do caos na rua começamos a entender um pouco mais o lugar. Eles não possuem espaço nas casas do centro ou em volta delas, então é comum ter estacionamentos subterrâneos. A cidade está dividida entre cidade alta e baixa, parece que já vimos isto no Brasil. Em Salvador há este tipo de divisão, mas por enquanto não vi o charme soteropolitano por aqui.
Valparaíso se mostra cheia de ladeiras e um pouco caótica, mas de manhã tudo pode mudar.
Maira e Flávio têm o apoio da Lenovo, da TIM Roaming Internacional e da Virtual Track.

"Diário de Bordo": "Casal Aventura" descobre a capoeira em Santiago

Colaboração para a Folha Online
O casal Flávio Prado e Maira Hora descobre a capoeira em Santiago. O relato faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.
Confira o relato do quadragésimo sexto dia (15 de abril) da aventura:
Acordamos já com a missão de recebermos a família Clivati-Mora para um café da manhã no Hotel Panamericano. Assim que chegam nos encontramos no salão do café no hotel Panamericano e Leonor enlouquece com a mesa de frutas, por incrível que pareça esta é uma criança que gosta de frutas. Logo vai escolhendo o que quer e quais os sucos deseja, porque é claro que ela quer mais que um suco.
Joana, que está gravidíssima, curte cada pão, bolos, bolinhos, bolões, ou seja, é fartura total. Leonor, satisfeita e como qualquer criança em sua idade resolve explorar o local e logo descobre um aquário gigantesco com peixes exóticos indo de ponta a ponta. Ela delirava, corria, ria, contava o que tinha visto e logo voltava ao aquário para ver se algo tinha mudado, retornava emocionadíssima e falando tudo ao mesmo tempo e assim foi por todo o café que até parecia um "brunch", de tanto que demoramos.
Flávio Prado/Folha Imagem
Leonor assiste a vídeo sobre artesanato no Centro Cultural Palácio de La Moneda
Leonor assiste a vídeo sobre artesanato no Centro Cultural Palácio de La Moneda
Atravessamos um curto pedaço do Centro indo até o Centro Cultural Palácio de La Moneda, abaixo do próprio palácio onde também está a Fundação de Artesanato do Chile, infelizmente o casal ainda não conhecia por levar uma agitada vida de designers gráficos internacionais, o que lhes deixa pouco tempo para o lazer, mas enfim, como nós recomendamos tanto eles não resistiram e tiraram um dia de folga.
Leonor fica intrigada com tudo novo aos seus olhos, a arquitetura, a água descendo pela parede da escadaria, a porta de vidro e a escultura em frente, que olha curiosa, tentando entender do que se trata.
Assim que passamos a porta de vidro, Leo ganha a imensidão do Centro Cultural. Não sabe para onde corre e pede colo para observar do alto esta concreta arquitetura.
Logo entramos para ver a exposição da Fundação de Artesanias de Chile. Joa se envolve com as peças à venda. Flávio e Marcelo se ocupam com o mapa gigantesco e Flávio vai apontando todos os lugares por onde passamos até agora. Leonor me olha inquieta e indagativa sobre absolutamente todas as peças expostas. Lá vou eu com todo o prazer do mundo mostrar cada centímetro do salão com suas diversas vitrines.
Seus olhos brilham e ela vai de vitrine em vitrine perguntando o máximo que pode até chegar à vitrine de jóias Mapuches e me pergunta o que é. Eu a levanto e logo digo são jóias Mapuches. Leo, incrédula me responde: "- No, no, Papuche!" Foi hilário, porque Papuche é como ela chama seu pai, Marcelo Clivati Prado. É claro que não houve uma só pessoa em toda a exposição que a convencesse de que eram jóias Mapuches e não Papuches.
Flávio Prado/Folha Imagem
Família Clivati-Mora observa escultura no Centro Cultural Palácio de La Moneda
Família Clivati-Mora observa escultura no Centro Cultural Palácio de La Moneda
Paramos em frente a uma TV de LCD gigante e a mesma mostrava um apanhado do artesanato chileno e suas mais diversas regiões. Não é que a danadinha percebe se tratar de uma correlação de um país dividido em diversas regiões, no caso, do Chile, país onde esta pequenina catalã de dois aninhos está morando agora e logo me fala a seguinte frase: "A Tia Paula, o Vovô Ayrthon e a Vovó Antonieta moram em um outro país, chama Brasil".
Eu quase caí de costas, mas logo respondi que sim, o nome do país onde eles moram é Brasil. Nós adultos achamos que as crianças, especialmente as menores, não sabem muito e precisam de muitas explicações, mas na verdade tudo é bem diferente dos nossos "achismos". Gente me diz uma coisa, não é para agarrar esta pessoa e beijar até não agüentar mais?
Joana faz suas compras, Flávio e Marcelo conversam e eu e Leonor nos divertimos explorando mais este moderno edifício.
Saímos do Palácio de La Moneda, demos uma passadinha no hotel e daí fomos direto para a casa de Lillian, deixamos Leonor e Joana.
Capoeira
Flávio Prado/Folha Imagem
Badogue, contra-mestre de capoeira, treina com seus alunos na cidade de Santiago
Badogue, contra-mestre de capoeira, treina com seus alunos na cidade de Santiago
Flávio, eu e Marcelo seguimos a um restaurante no Shopping Las Condes e depois fomos passear na Plaza Itália para conhecer o Café Literário. Não é que quase em frente ao café vejo algo muito conhecido dos brasileiros? Capoeira.
Estamos despretensiosamente andando pela grama e de longe vejo um grupo de pessoas uniformizadas jogando capoeira. Pirei. Sou apaixonada por capoeira e durante alguns anos joguei esta dança, arte e esporte tão complexo e tão brasileiro. Minha brasilidade me puxou para perto do treino, realizado ali mesmo, em frente ao Café Literário.
Fomos conhecer aqueles jovens, que tão longe do Brasil faziam as pessoas pararem em volta para admirar seus atrevidos movimentos como se tivessem asas. Era inacreditável o quanto estes meninos saltavam e se movimentavam rápido. Uma armada para cá, uma meia lua para lá e só para mostrar que brasileiro tem ginga a rasteira passa perto, mas quem tem manha sabe cair com classe e levantar no contra golpe.
Flávio Prado/Folha Imagem
Grupo de capoeira do contra-mestre Badogue atrai atenção do público em Santiago
Grupo de capoeira do contra-mestre Badogue atrai atenção do público em Santiago
É impressionante como junta gente em volta para entender do se trata.
Assim que enxerguei uma oportunidade fomos nos apresentar e logo descubro que o brasileiro responsável por divulgar um pouco da nossa cultura é um contra-mestre, residente em Santiago, M. Muniz Gama, conhecido como contra-mestre Badogue no Grupo Raça, dos mestres Medicina e Magrelo.
Badogue, este baiano de Itabuna, está em Santiago há quase dez anos. Desde 2000 dá aulas de capoeira e cultura afro-brasileira em duas universidades de Santiago, a Universidade Alberto Hurtado e a Universidade USACH e também no Centro de Estudos Brasileiros fazendo um trabalho sócio educativo pioneiro no Chile com crianças e mulheres e no departamento da infância e adolescência de Santiago.
Ainda na Bahia, Badogue desenvolvia uma parceria com o Governo, a Unicef e algumas empresas que recebiam suas apresentações de capoeira em troca de um convênio que possibilitava estágios aos adolescentes que praticavam capoeira com este atleta.
Flávio Prado/Folha Imagem
Contra-Mestre Badogue joga capoeira em frente ao Café Literário, na cidade de Santiago
Contra-Mestre Badogue joga capoeira em frente ao Café Literário, na cidade de Santiago
A inserção da capoeira na vida de alguns chilenos trouxe uma verdadeira revolução. Um destes exemplos transformadores é personificado em Sony, aluno mais antigo de Badogue, que por ter se dedicado à capoeira hoje colhe seus bons frutos sendo chamado para diversos comerciais, como por exemplo, de água mineral, achocolatados e já fez até um filme de artes marciais, é dublê de seriado de TV e faz parte da primeira companhia de dublês da América do Sul.
Mas o mais encantador de tudo isto é ver gente de outros países cantando em português casos e acontecimentos da cultura afro-brasileira. Nas palmas e vozes de alguns de seus alunos Açúcar, Gorila, Pacheco e Sony, sentimos a presença de um aplicado e dedicado filho do Brasil. Badogue, parabéns pelo trabalho desenvolvido, levando nossa cultura além de nossas terras. Ficamos emocionados, mesmo, com a curiosidade do chileno em relação à nossa cultura e é bom saber que gente competente faz um bom trabalho divulgando nossa história através dos fundamentos da capoeira.
Saímos da Plaza Itália direto para o bairro de Nuñoa, vamos agora para a casa de Lillian Mora à tempo de um chá e mais conversa divertida com a família Mora. Hoje Renato Mora, um engenheiro aposentado nos abre seu atelier de marcenaria e pintura. Observamos tudo muito cuidadosamente e eis que em seus quadros reconheço forte influência de Giorgio De Chirico. Identifiquei-me totalmente, pois durante a faculdade de Desenho Industrial lembro que este era o meu pintor predileto, eu vivinha reproduzindo seus quadros de cenários arquitetônicos solitários e enigmáticos. Ficamos conversando e discutindo suas obras noite adentro.
Maira e Flávio têm o apoio da Lenovo, da TIM Roaming Internacional e da Virtual Track.

"Diário de Bordo": "Casal Aventura" vai à vinícola Concha y Toro

Colaboração para a Folha Online
O casal Flávio Prado e Maira Hora vai à vinícola Concha y Toro, desvenda o vinho Casillero del Diablo e aprecia os lanches do tradicional Tip Tap. O relato faz parte da Expedição Cone Sul. Os dois vão conhecer as paisagens mais deslumbrantes da região, contando tudo para a Folha Online. A viagem começou em São Paulo e prevê passagens por cidades do sul do país, Argentina e Chile.
Confira o relato do quadragésimo quinto dia (14 de abril) da aventura:
Hoje é dia de visitar uma vinícola e a escolhida foi Concha y Toro, fundada em 1883 pelo destacado advogado, empresário e político chileno Don Melchor Concha y Toro que resolveu explorar o vale do Rio Maipo.
Ao chegar à vinícola vá até a portaria comprar seu ticket que custa $CH6000, aproximadamente US$12, e lhe dá direito ao tour, a degustação e a taça de vinho usada na degustação. Site: www.conchaytoro.cl. Tel: 56 2 476-5269.
Flavio Prado/Folha Imagem
Juan Carlos Silva, guia da vinícola Concha y Toro, dando as primeiras explicações do tour
Juan Carlos Silva, guia da vinícola Concha y Toro, dando as primeiras explicações do tour
Juan Carlos Silva, guia bilíngüe e enólogo é incumbido de nos mostrar a Casona, os vinhedos e a bodega. Juan nasceu em Santiago e é um profundo apaixonado por vinhos.
Estamos juntos com um grupo de americanos que estuda espanhol e está em uma viagem do curso para aprender mais. Um jeito divertido e descontraído de aprender. Todos prestam atenção a todas as recomendações de Juan e lá vamos nós passando por um lindo pergolado no antigo jardim e entrando neste mundo tão particular dos vinhedos. Nossa primeira parada é defronte à Casona de Pirque, que já foi residência da família Concha y Toro e hoje é um lindo espaço para grandes eventos.
Próximo a Casona vemos os vinhedos de Pirque a perder de vista e Juan faz um comparativo genial entre o vinho e o ser humano. Mostrando-nos que as vinhas aos 10 ou 20 anos ainda são muito novas, mas estão em seu auge de qualidade entre os 30 e 40 anos e que aos 60 anos, esta vinha começa um processo de envelhecimento já não produzindo mais bons vinhos.
Flavio Prado/Folha Imagem
Estudantes americanos visitando o vinhedo de Concha y Toro, em Santiago, no Chile
Estudantes americanos visitando o vinhedo de Concha y Toro, em Santiago, no Chile
Assim que chegamos ao primeiro vinhedo Juan começa a descrever o que está à nossa frente com uma classe e profundo conhecimento que só tem quem ama o que faz. Estamos de fronte ao vinhedo Pirque Viejo (Cabernet Sauvignon) plantado em solo aluvial, pedregoso, pobre em nutrientes e de grande permeabilidade. O clima que temos aqui é mediterrâneo semi-árido com forte influência da Cordilheira dos Andes e da proximidade com o Rio Maipo.
A oscilação térmica permitirá uma maturação lenta, favorecendo a concentração da fruta e sua intensidade de aromas. Produzindo um vinho batizado por Terrunyo de variedade Cabernet Sauvignon 88%, Merlot 3%, Carmenere 7% e Cabernet Franc 2% que será guardado durante 16 meses em barris de roble francês, sendo 40% novos e 60% de barris com um ano de uso. Resultando em um vinho de cor vermelho escuro, fruta negra madura e concentrada, notas de couro e chocolate, denso com taninos firmes e um paladar final doce.
Casillero del Diablo
As pessoas em volta de Juan nem sequer respiravam diante de tão apaixonada narração, seguimos o caminho rumo a nossa primeira degustação do que seria o mais emblemático de todos os vinhos de Concha y Toro, classificado como um dos 50 melhores do mundo. É o Casillero del Diablo com sua inusitada história.
Flavio Prado/Folha Imagem
Grupo aguarda ansioso para degustar o vinho Casillero del Diablo - Camenere 2005
Grupo aguarda ansioso para degustar o vinho Casillero del Diablo - Camenere 2005
Vamos conhecê-lo provando-o e logo em seguida veremos onde ele é armazenado. Assim foi feito, entramos na adega onde o vinho é guardado, as portas se fecham, as luzes se apagam e o ambiente nos transporta anos atrás às voltas com o próprio dono, Don Melchor Concha y Toro.
Don Melchor em sua antiga adega conservava vinhos de excelente qualidade, no entanto algumas pessoas do povoado que o cercava estavam entrando em seus vinhedos e roubando o vinho estocado aí. Então é criada a lenda de que o Diabo habitava esta "cueva", esta adega.
Isto impressionou tanto os moradores do povoado que as garrafas de vinho deixaram de ser roubadas e nascia o vinho Casillero del Diablo Carmenere. Esta lenda transforma os vinhedos do Chile famosos no mundo inteiro. Em 2005, uma das melhores colheitas que houve em todo o Chile, permite o nascimento do Casillero del Diablo Reserva Privada. Marcelo Papa, enólogo, e a equipe agrícola de Concha y Toro por anos trabalharam para elaborar um grande vinho e eis que dos Vales de Maipo, na zona de Pirque e Rapel, na zona de Pneumo surge este vinho que permaneceu em barril de roble francês por 14 meses dando maior complexidade e aporte de madeira ao Casillero.
Flavio Prado/Folha Imagem
"Cueva" do Casillero del Diablo onde ficam os barris de vinho, em Concha y Toro
"Cueva" do Casillero del Diablo onde ficam os barris de vinho, em Concha y Toro
Saímos encantados desta adega partindo para a última degustação que é um Don Melchor Reserva Privada Cabernet Sauvignon, 1998. Logo Juan nos esclarece que este foi o ano do El Niño, portanto a colheita foi afetada devido às fortes chuvas e temperaturas abaixo da média. Vinho tinto, também do Vale de Maipo conservado em roble francês por 13 meses, aromas predominantes de cedro e resina de pinheiro, ligeiros aromas de menta e especiarias, vinho elegante, mas a fruta tem dificuldade de aparecer. Todos ficam absolutamente pasmos, pois Juan vai fazendo suas considerações ao vinho e você atentamente o degusta e percebe cada uma das palavras em sua taça. A euforia toma conta de todos no salão.
Terminado o tour seguimos para o "wine bar", a fim de nos despedirmos de tão cordial anfitrião e seguimos para a loja, onde você é recepcionado por excelentes profissionais que te auxiliam na escolha dos vinhos.
Este passeio foi sem dúvida um dos mais enriquecedores aqui em Santiago. Estamos encantados com tudo o que vimos e com o nosso próprio paladar, com certeza as próximas taças de vinho serão absolutamente agregadas com a percepção do que realmente é esta gloriosa bebida, o quanto de trabalho, pesquisa e gente há envolvido neste processo. Realmente foi uma tomada de consciência.
Flavio Prado/Folha Imagem
Entrada da famosa vinícola Concha y Toro, localizada na região de Santiago, no Chile
Entrada da famosa vinícola Concha y Toro, localizada na região de Santiago, no Chile
A volta para Santiago é simples, mas preste atenção no caminho. Claro que nos perdemos nos arredores de Concha Y Toro. Não sei o que há com os adolescentes da cidade, mas muitas placas são pichadas ou trocadas, isto causa uma certa dor de cabeça caso você siga apenas placas e como nos distraímos um pouco e não olhamos o mapa, fomos confiar somente nas placas, estamos perdidos. Depois de uma hora conseguimos chegar a uma avenida conhecida e fomos para a Casa&Ideas do bairro de Nuñoa, afinal estamos nos últimos dias da cidade, vamos fazer as comprinhas finais. Estamos a mais de 40 dias viajando e brincamos que vamos comprar um carro maior para continuar a viagem.
Lanches no tradicional Tip Tap
Saindo das comprinhas básicas partimos ao encontro da família Clivati-Mora. Obedecendo aos desejos de Joana, a grávida da família, vamos todos em uma rede de lanches chamada Tip Tap, que foi fundada há 30 anos atrás por um ex-jogador de futebol, Jaime Vasquez. Vamos comer os mais típicos sanduíches chilenos com hambúrguer, salada, queijo e guacamole. Isto mesmo, abacate. Vou lhes confessar que é divino, maravilhoso, para comer ajoelhado.
Flavio Prado/Folha Imagem
X-salada com guacamole da tradicional lanchonete Tip Tap, na cidade de Santiago
X-salada com guacamole da tradicional lanchonete Tip Tap, na cidade de Santiago
Passamos a tarde inteira com Marcelo, Joana e Leonor. Durante o almoço demos para Leonor uma boneca Barbie que tem um gatinho de estimação, a criança ficou absolutamente envolvida com todos os acessórios da boneca. Joana e eu ficamos pensando que na nossa época não tínhamos uma boneca tão interessante assim. Eu ainda tive sorte, pois era amiga de uma menina americana que tinha todas as barbies do planeta, então eu deitei e rolei, eu me lembro que era o máximo.
Saímos do restaurante direto para a casa de Joana e Marcelo para tomarmos um cafezinho brasileiro, afinal em casa de brasileiro o cafezinho tem que ser bom.
Arrumamos algumas coisas da bagagem que estava guardada no escritório dos Clivati-Mora e subimos para dar banho na Leonor e em seu mais novo brinquedo, a Barbie e seu gatinho. Foi engraçado, pois ao sair do banho ela mesma colocou a roupa na boneca e a levou para o sofá para assistir desenho. Elas, Leonor e a Barbie, permaneceram por mais de uma hora sentadinhas vendo desenho na TV. Criança é incrível, né? Tudo tão simples e certo.
Maira e Flávio têm o apoio da Lenovo, da TIM Roaming Internacional e da Virtual Track.